Eu não tenho coração. Sou apenas uma arma criada a partir dos
sentimentos ruins de cada ser humano. Eu sinto raiva de tudo e de todos. Eu
sinto raiva do seu chefe, que te da trabalho extra todo dia. Que te faz ficar
até as 11 para terminar tudo por que ele precisa do material para a apresentação
do dia seguinte. Eu sinto raiva dele, mesmo que eu nunca o tenha visto. Eu
sinto raiva da sua professora, que te da notas baixas, e que conta para os seus
pais que você fofoca durante a aula. Eu apenas sinto raiva de tudo e de todos,
sem nenhum motivo aparente.
Eu apenas sinto raiva. É só o que eu sinto, já que me falta um órgão que possa fazer com que o sangue pulse em minhas
veias.
Mais o que você não sabe – ou talvez saiba e apenas ignore
–, é que atras de toda a mascara de ódio e infelicidade que você vê todos os
dias, existe alguém que chora por coisas banais.
Que chora se vê um animal sofrendo maus tratos, que chora
quando vê alguém passando fome. Que chora por ver todos os acidentes que
acontecem pela força da natureza, que só acontecem graças a ação do ser humano.
Então eu volto a sentir raiva, porque sei que os maus tratos dos animais, os
acidentes, as pessoas passando fome, são tudo culpa do ser humano. Eu quebro um
ou dois copos, talvez uma jarra de vidro com rosas vermelhas que se espalham
pelo chão. Vendo o quanto elas são perfeitas eu me lembro, que o ser humano é imperfeito, porque ele foi
criado assim. Que todos somos imperfeitos. Usando suas mascaras no dia a dia,
sem demonstrar seus sentimentos, apenas sentindo ódio uns dos outros.
Mas quando chegamos em casa, nos trancamos. Lembramos de
tudo o que aconteceu. Lembramos que é nossa culpa. Então nos sentamos, e
choramos.
Por Larissa.
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